Muitas pessoas dizem que o poder corrompe. Há um
adágio popular que diz que “se quiser conhecer uma pessoa, dê poder a ela”.
Pois bem, isto é verdade. Nos ambientes tidos como democráticos a ascensão ao
poder é feita, na maioria das vezes, mediante processo eletivo onde aqueles que
pleiteiam posições de comando se submetem à uma espécie de consulta pública.
Para comandar uma associação, um clube, uma
universidade, um município, um estado ou uma nação a escolha dos líderes é
feita mediante eleição. Até mesmo numa sala de aulas para se definir o líder ou
o representante da turma é feita uma votação.
O problema não é o formato do processo de
escolha, mas o comportamento das pessoas que se candidatam. A partir do momento
que se colocam como candidatos o desejo de vitória toma conta de seus atos e
uma boa parte deles não medem consequências para atingir seus objetivos.
Passam a prometer coisas inexequíveis, se
comprometem em realizar ações que fogem da competência do cargo pleiteado,
mentem, falam mal de outras pessoas, dentre outras coisas que são facilmente
perceptíveis. O processo de busca pelo poder transforma as pessoas.
Nos discursos dos atuais candidatos os feitos
dos que os antecederam nunca prestam, são postos como um coisa ruim que passou
por ali e muitos se colocam como se fossem a verdadeira salvação, a luz que irá
tirar todos das trevas. Pura hipocrisia. Até mesmos nas eleições em
universidades, onde se imagina que um conjunto de pessoas tidas como inteligentes
deveriam apresentar propostas factíveis para todos os problemas vemos tais
comportamentos. Assim, o que se pensar de eleições político partidárias onde
envolvem cargos com remunerações elevadas e o controle de orçamentos vultuosos?
Um município ou um estado pode estar com suas
finanças totalmente comprometidas, em condição de crise profunda, sem condições
de pagar sequer salários, mas sempre terão muitos grupos políticos querendo
assumir as funções de comando. Resta saber o porquê disto.
Sabem que não irão conseguir fazer quase nada,
que poderão ter problemas legais com prestações de contas e com dívidas e
decisões que serão tomadas, mas estão querendo o poder. O comportamento do ser
humano é realmente muito difícil de ser compreendido.
Soma-se à vontade de pessoas assumirem o poder com
as tendências ideológicas e daí a confusão está armada. Estamos presenciando
isto na atualidade, onde os diversos grupos políticos e seus apoiadores
apresentam seus pré-candidatos à presidência da República e aos governos estaduais.
Candidaturas tidas como de esquerda e de direita estão sendo objeto de grandes
discussões através das redes sociais. Mas não é o bom debate, são discussões
encharcadas de tendências extremistas, posicionamentos agressivos que não
aceitam o debate de ideias e nem o contraditório.
A intolerância tomou conta do cenário político
brasileiro e temos que começar a nos preocuparmos com os possíveis
enfrentamentos que surgirão nos próximos meses.
E pelo que tudo indica tais comportamentos estão
fazendo parte de todos os processos de escolhas públicas que surgem pelo país
afora. E, com certeza, irá acontecer nas próximas eleições municipais.
As pessoas que estão no poder lutam para se
manter no poder, e aquelas que querem o poder lutam para conquistar o poder. E
não medem consequências. No meio de tudo isto estão aqueles que não disputam
nada, os eleitores, que serão fundamentais para se decidir quem estará no
comando, mas que dificilmente terão suas vidas melhoradas por aqueles em que
eles votarem. Por isto todos devem lembrar de que a virtude está no caminho do
meio.
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