A impressão que a maioria das pessoas está tendo
é de que os indicadores econômicos estão melhorando e o governo se esforça
muito para tentar passar esta impressão. Mas a economia brasileira ainda está
na UTI. Diante do cenário político de diversas denúncias de corrupção e
conluios as políticas implementadas pelo governo federal não estão surtindo
efeitos de melhora. Ninguém confia mais no governo Temer e aqueles que se
colocam como pré-candidatos à presidência da República não entusiasmam o
mercado financeiro.
O governo está paralisado. Não consegue reagir
positivamente contra nenhum evento econômico. A taxa de desemprego atingiu
13,1% no trimestre de janeiro a março de 2018, maior taxa dos últimos 12 meses.
Assim o país tem aproximadamente 13,7 milhões de desempregados. Este aumento do
desemprego é resultado da baixa atividade da economia que no mês de fevereiro
praticamente não cresceu e nos últimos 12 meses deve ter crescido somente 1,2%.
As expectativas de inflação para 2018 e 2019
estão abaixo da meta, o que está possibilitando a redução da Selic pelo Banco
Central. Entretanto o cenário internacional não está ajudando: o banco central
americano elevou a taxa de juros, sinalizando que poderá aumentar mais vezes
ainda este ano e a União Europeia proibiu a importação de carne de frango de 20
frigoríficos brasileiros.
Aquelas pessoas mais “milibobocas” poderão dizer
que isto não atrapalha o país porque afeta somente os lucros dos bancos e dos
grandes empresários. Só que não. Com o aumento dos juros nos Estados Unidos
poderá ocorrer um movimento de capitais para aquele mercado e o Brasil deverá
interromper a sequência de redução na Selic, podendo até ocorrer aumentos, para
conter a redução do investimento estrangeiro no país. Com isto todos nós
pagamos o preço, pois o nível de atividade cai, gerando desemprego.
No caso das restrições de importação de carne de
frango os frigoríficos relacionados na proibição voltam sua produção para o
mercado interno, provocando choque de oferta e redução dos preços. Para evitar
isto as empresas já deram férias para os funcionários com o objetivo de reduzir
a oferta e provocar um aumento de preços para garantir margem de rentabilidade.
Pagaremos mais caro pelo frango nosso de cada dia e se a restrição se mantiver
por mais tempo ocorrerão demissões no setor, aumentando o desemprego.
Mais uma combinação explosiva de eventos
econômicos que o governo federal não consegue abrandar seus efeitos pelo
simples fato de não gozar nem de credibilidade por parte da sociedade e nem de
apoio político suficiente no Congresso Nacional.
Se a atividade econômica não reagir, também cai
a arrecadação tributária e se agrava a crise fiscal da União, dos estados e
municípios. Com o aperto fiscal o nível de investimento público em 2017 foi o
menor dos últimos 50 anos, pois muitos dos entes federados possuem um
comprometimento muito alto de suas receitas com o pagamento de salários e
encargos e não estão conseguindo suprir a sociedade nem com o mínimo de
serviços públicos de qualidade.
O cenário é difícil e a missão que aguarda o
novo presidente da República e os novos governadores dos estados não será nada
fácil. Para desarmar esta bomba não poderemos ter no comando do país e dos
estados aventureiros de prontidão e nem delinquentes políticos que sobrevivem à
base de populismo, sem um mínimo de relação com a realidade prática do dia-a-dia
da gestão pública. Infelizmente os cenários prováveis para os próximos anos em
nosso país não são dos melhores. “A vaca já foi para o brejo”, ou seja, o chão
já se abriu.
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