Tem
muita gente, inclusive pessoas ligadas ao setor público, que acreditam que as
coisas estão melhorando. Presenciei um professor universitário discursar que a
economia está retomando os rumos do crescimento somente para justificar o
aumento de gastos em determinado órgão, na defesa de interesses particulares.
Quem
acreditar que a arrecadação pública irá aumentar nos próximos cinco anos numa
intensidade que irá proporcionar o aumento de gastos públicos em todas as
áreas, está enganado. Sabe de nada, inocente!
Na
mesma ocasião outra pessoa alegou que a administração pública não é feita
somente de números e que as instituições devem planejar e executar o aumento de
suas atividades, independentemente de ter a previsão de recursos para estas
ações.
Sinceramente
é preocupante encaminhamentos desta natureza, pois não é de hoje que o setor
público está numa crise profunda onde os recursos existentes não são
suficientes para financiar todas as políticas públicas que a sociedade
necessita. Há um comprometimento muito grande de despesas com pessoal e
encargos. Também há uma vinculação de recursos significativa. Estas duas
espécies de despesas, quando somadas, resultam quase a totalidade da receita de
muitos municípios, estados e até mesmo da União. Com efeito, não sobram muitos
recursos disponíveis para fazer frente às outras despesas.
Acredito,
também, que a economia está retomando o crescimento econômico, o que resultará
num sensível aumento das receitas, porém também há muitas despesas represadas
que deverão ser priorizadas e executadas.
O
grande problema de alguns órgãos públicos está, justamente, na forma de decidir
suas ações. Quando as decisões são balizadas em critérios meramente políticos,
que desqualificam ou descartam os critérios técnicos, o que teremos é um
verdadeiro caos no funcionamento daquele órgão ou setor da administração
pública.
Na
iniciativa privada se os gestores tomam decisões erradas e se endividam ou
“perdem dinheiro”, não há problemas, foi o dinheiro deles que foi desperdiçado.
Agora, decisões erradas tomadas pela administração pública poderão redundar no
desperdício de recursos públicos, que é de todos nós e que poderiam estar
atendendo a sociedade. Daí não se cumprirá com alguns princípios constitucionais
da administração pública, tais como o da impessoalidade, o da eficiência e o da
economicidade.
Os
recursos públicos são finitos, porém tem agentes públicos que acham que eles
“brotam em árvores” ou que eles podem gastar à vontade que o governo central ou
a sociedade “dará um jeito” de financiar o desregramento das suas despesas.
Sabe de nada, inocente! O correto é estes agentes públicos serem
responsabilizados por suas decisões erradas.
Temos
que compreender que o aumento de despesas num determinado local ou área da
administração pública resultará na redução de despesas nas outras. Não há
mágica. É uma questão matemática, sim. Dois mais dois sempre será quatro. E
toda a sociedade deve desconfiar quando anunciam o aumento de recursos para
determinadas áreas. Podem ter a certeza de que outras estão tendo redução.
É
uma questão de eficiência alocativa, no mesmo sentido que indicou o italiano
Vilfredo Pareto. Este economista apresentou um conceito conhecido como “ótimo
de Pareto”, que representa uma situação econômica onde não é possível melhorar
a situação de um agente sem degradar a de outro. E no atual estágio das
finanças públicas podemos ter a certeza de que quando anunciam o aumento de
despesas públicas em determinado local ou setor, isto estará correndo às custas
da redução de recursos de outros, pois não há mágica. Não se fabrica dinheiro.
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