É muito comum ouvirmos pessoas defenderem que o
governo deve promover o bem-estar da sociedade a qualquer custo. Isto implica
que, para gerar emprego e fazer a economia crescer o governo pode aumentar o
volume de gastos públicos. Isto se chama política fiscal expansiva. Teoricamente
e na prática isto funciona, porém depende das condições conjunturais e
estruturais da economia no momento em que se pretende lançar mão desta estratégia.
No governo Lula isto foi feito, só que o cenário
econômico mundial estava propício, crescendo a taxas elevadas e os impactos da
política fiscal expansiva do governo Lula fizeram os efeitos esperados. O
governo Lula insistiu em continuar a expandir os gastos públicos só que sem se
preocupar com o quê se gastava.
Com a mesma linha de atuação o governo Dilma chegou e
intensificou a utilização de política fiscal expansiva, com o agravante que a
economia mundial já não estava num período de prosperidade. Só que as ideias da
presidente e de seu ministro da Fazenda eram mais radicais do que as do governo
anterior e mantiveram a intensidade dos gastos públicos, passando a gastar
muito mais do que arrecadava.
Esta condição, se necessária para manter empregos e
garantir um mínimo de crescimento econômico, mesmo que com inflação, pode até
ser suportável por um curto período de tempo. Mas manter uma política de gastos
públicos excessivos sem que se tenha uma contrapartida na geração de empregos e
no crescimento econômico de forma contínua é irresponsabilidade. Com efeito, a
economia brasileira entrou numa crise profunda, amargando um período longo de
recessão ocasionado pela irresponsabilidade e miopia de um governo que se dizia
defensor dos mais necessitados e preocupados com a qualidade de vida de todos.
Porém as suas ações só fizeram piorar a situação daqueles com que tanto falavam
que se preocupavam.
Em todo discurso de políticos e militantes existem
similitudes de propostas: eles acham que o governo tem que prover tudo com os
recursos dos cofres públicos, que os salários reais devem ser maiores e que
todos devem ter salários iguais independente da produtividade e competência de
cada um. Pois bem, concordo que os salários reais devam ser maiores e também
concordo que o setor público deve financiar com recursos dos cofres públicos
tudo aquilo que está escrito na Constituição Federal que é de sua
responsabilidade. Acredito que todas as pessoas concordem com isto.
Mas o que não fica explicado nessas falas é como se
financiará tudo isto. Com o aumento contínuo de impostos? Mas se houver aumento
de impostos a renda real disponível tenderá a diminuir, as pessoas consumirão
menos, as empresas venderão menos e começarão a demitir funcionários, aumentando
o desemprego e reduzindo a massa salarial da economia e gerará um aumento na
procura por programas sociais do governo, que passará a ter que arrecadar mais
impostos e que tornará a reduzir a renda real disponível. É um sistema que se
retroalimenta. Boas práticas podem culminar em cenários ruins e vice-versa.
Agora se fala que nosso país está na fase das
“maldades” porque estão a fazer reformas que são duras com todos os
brasileiros, mas temos que lembrar que permitimos que as coisas chegassem neste
ponto, pois ninguém questionou os governos anteriores acerca dos gastos
excessivos e do alto nível de endividamento. Nós somos culpados. Agora resta
que alguém terá que pagar a conta, pois, como disse o economista Milton
Friedman, ganhador do Nobel em Economia, “não existe almoço de graça”. Todos
nós somos culpados.
Excelente análise , prof. Rogério Ribeiro. Expansão ou retração de gastos são remédios temporários. De forma contínua “envenenam” o paciente.
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