domingo, 28 de janeiro de 2018

Todos nós somos culpados

É muito comum ouvirmos pessoas defenderem que o governo deve promover o bem-estar da sociedade a qualquer custo. Isto implica que, para gerar emprego e fazer a economia crescer o governo pode aumentar o volume de gastos públicos. Isto se chama política fiscal expansiva. Teoricamente e na prática isto funciona, porém depende das condições conjunturais e estruturais da economia no momento em que se pretende lançar mão desta estratégia.

No governo Lula isto foi feito, só que o cenário econômico mundial estava propício, crescendo a taxas elevadas e os impactos da política fiscal expansiva do governo Lula fizeram os efeitos esperados. O governo Lula insistiu em continuar a expandir os gastos públicos só que sem se preocupar com o quê se gastava.

Com a mesma linha de atuação o governo Dilma chegou e intensificou a utilização de política fiscal expansiva, com o agravante que a economia mundial já não estava num período de prosperidade. Só que as ideias da presidente e de seu ministro da Fazenda eram mais radicais do que as do governo anterior e mantiveram a intensidade dos gastos públicos, passando a gastar muito mais do que arrecadava.

Esta condição, se necessária para manter empregos e garantir um mínimo de crescimento econômico, mesmo que com inflação, pode até ser suportável por um curto período de tempo. Mas manter uma política de gastos públicos excessivos sem que se tenha uma contrapartida na geração de empregos e no crescimento econômico de forma contínua é irresponsabilidade. Com efeito, a economia brasileira entrou numa crise profunda, amargando um período longo de recessão ocasionado pela irresponsabilidade e miopia de um governo que se dizia defensor dos mais necessitados e preocupados com a qualidade de vida de todos. Porém as suas ações só fizeram piorar a situação daqueles com que tanto falavam que se preocupavam.

Em todo discurso de políticos e militantes existem similitudes de propostas: eles acham que o governo tem que prover tudo com os recursos dos cofres públicos, que os salários reais devem ser maiores e que todos devem ter salários iguais independente da produtividade e competência de cada um. Pois bem, concordo que os salários reais devam ser maiores e também concordo que o setor público deve financiar com recursos dos cofres públicos tudo aquilo que está escrito na Constituição Federal que é de sua responsabilidade. Acredito que todas as pessoas concordem com isto.

Mas o que não fica explicado nessas falas é como se financiará tudo isto. Com o aumento contínuo de impostos? Mas se houver aumento de impostos a renda real disponível tenderá a diminuir, as pessoas consumirão menos, as empresas venderão menos e começarão a demitir funcionários, aumentando o desemprego e reduzindo a massa salarial da economia e gerará um aumento na procura por programas sociais do governo, que passará a ter que arrecadar mais impostos e que tornará a reduzir a renda real disponível. É um sistema que se retroalimenta. Boas práticas podem culminar em cenários ruins e vice-versa.

Agora se fala que nosso país está na fase das “maldades” porque estão a fazer reformas que são duras com todos os brasileiros, mas temos que lembrar que permitimos que as coisas chegassem neste ponto, pois ninguém questionou os governos anteriores acerca dos gastos excessivos e do alto nível de endividamento. Nós somos culpados. Agora resta que alguém terá que pagar a conta, pois, como disse o economista Milton Friedman, ganhador do Nobel em Economia, “não existe almoço de graça”. Todos nós somos culpados.

Um comentário:

  1. Excelente análise , prof. Rogério Ribeiro. Expansão ou retração de gastos são remédios temporários. De forma contínua “envenenam” o paciente.

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