domingo, 17 de dezembro de 2017

Um pedaço do país

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou o estudo intitulado “Síntese de Indicadores Sociais - 2017”. Nele são apresentados os resultados e análises sobre mercado de trabalho, padrão de vida e distribuição de renda e mobilidade ocupacional e educacional.

Este trabalho é muito importante e expõem informações que deveriam ocupar as propostas de políticas públicas dos candidatos que competirão na eleição do próximo ano. E é possível que isto apareça nos discursos dos candidatos, entretanto a sociedade deve começar a cobrar a execução dessas propostas, pois é muito comum os nossos políticos prometerem e não cumprirem. Basta fazer um comparativo entre o que os candidatos eleitos a prefeito e vereadores prometeram durante as duas últimas eleições municipais com o que efetivamente eles executaram. Os resultados irão surpreender a todos, negativamente.

No Brasil, segundo o estudo do IBGE, um a cada quatro brasileiros vive abaixo da linha da pobreza, ou seja, tem renda per capita inferior a US$ 5,50 por dia o que equivale a menos de R$ 400,00 por mês. Este critério é definido pelo Banco Mundial e aplicado aos estudos de distribuição de renda.

Este dado é para os chamados arranjos domiciliares e quando a análise é feita pelo total da população este indicador aumenta: de cada dez brasileiros três se encontram abaixo da linha da pobreza. Esta análise demonstra a importância da unidade familiar para a sobrevivência das pessoas, mas deixa exposto toda a vulnerabilidade social existente em nosso país.

Mas o que temos que refletir e se preocupar é que, em 2016, haviam 61 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza, dos quais 4,6 milhões se encontravam no estado do Paraná. O estudo não permite efetuar as inferências estatísticas para o nível dos municípios, mas todos têm condições de refletir e a obrigação de se preocupar com a situação social de nosso país, de nossa região e de nosso estado. A política econômica do governo Dilma contribuiu, e muito, para o agravamento desses indicadores e o custo para melhorar será muito elevado.

No estudo é apresentado um novo indicador, o índice de Palma, que foi proposto pelo economista chileno José Gabriel Palma e que consiste em dividir a parcela da renda absorvida pelos 10% mais ricos pela parcela absorvida pelos 40% mais pobres de forma a captar esta desigualdade nos extremos. No Brasil, os 10% mais ricos consegue apropriar nada mais nada menos do que 3,4 vezes do que recebem os 40% mais pobres.

E no chamado “sul maravilha” os indicadores são melhores do que a média nacional: um em cada oito paranaenses se encontram abaixo da linha da pobreza e os 10% dos paranaenses mais ricos conseguem apropriar 2,7 vezes do que recebem os 40% mais pobres. Mesmo tendo indicadores melhores do que a média nacional os paranaenses devem se preocupar com os resultados do estudo e exigir de seus representantes políticos mais empenho na concepção e execução de políticas públicas para o abrandamento da situação social de nosso país.

O Brasil está melhor que os países da África subsaariana, porém estamos distantes dos indicadores da Eslovênia, Noruega e Suécia. E o cenário somente irá começar a melhorar quando os recursos públicos forem efetivamente aplicados em benefício da sociedade e não somente para manter os privilégios e regalias de grupelhos que tomaram conta do poder em nosso país e que não se preocupam com os mais pobres. E a cobrança deve começar pelos nossos políticos locais: nossos prefeitos e vereadores. O que será que eles estão fazendo para melhorar a situação social do povo?



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