Diversos analistas
econômicos que possuem bom senso estão sinalizando para o agravamento da crise
fiscal nacional. Digo que estes possuem bom senso porque não escondem os
cenários prospectivos futuros a partir do comportamento dos agentes econômicos,
em especial do setor público, e das variáveis econômicas. Com o novo regime
fiscal brasileiro, o teto dos gastos, combinado com a execução das despesas de
custeio mínimo e com o aumento dos gastos com folha de pagamento e previdência
social o país corre grande risco de sofrer uma grande paralisia ainda em meados
do próximo governo.
A principal medida que o
governo deverá impor já a partir de 2020 deverá ser a correção do salário
mínimo somente pela inflação, sem aumentos reais como vinha acontecendo desde a
implantação do Plano Real em 1994, e a impossibilidade de dar reajustes
nominais para os servidores federais. Não poderão nem mesmo efetuar
contratações para substituir os que estão se aposentando.
Pode parecer um pouco
apocalíptico, mas é uma realidade extremamente possível.
E, como venho apontando
neste espaço, se os gestores públicos estaduais e municipais não “apertarem os
cintos” e planejarem de forma responsável a execução orçamentária dos próximos
anos poderão reproduzir o mesmo cenário em seus entes subnacionais.
O governo do estado do
Paraná já anunciou que até o final de 2018 não poderão efetuar nem mesmo a
reposição da inflação para o funcionalismo público estadual. Lembrando que
estes estão sem reajustes já há dois anos. Com isto serão quatro anos sem
reposição da inflação, pois no começo de 2018 não terão e, possivelmente, não estará
contemplada na proposta orçamentária para 2019.
Da mesma forma, o governo do
estado do Paraná não está contratando servidores para substituir os que se
aposentam. Portanto, no Paraná, já há um movimento no sentido de tentar conter
o avanço das despesas. Assim, tanto na esfera federal quanto na estadual
eventuais reajustes e contratações deverão ocorrer se e somente se houver uma
redução nas despesas de custeio. Isto não é bom, pois já não está tendo
investimento e se ocorrer redução no custeio a sociedade deverá ser atingida
com menos serviços públicos. Uma verdadeira “sinuca de bico” para os gestores
públicos.
Assim, novamente, temos que
abordar a temática acerca da produtividade do serviço público. É muito comum
uma pessoa chegar numa repartição pública e se defrontar com um ou mais
funcionários sentados num banco do lado de fora simplesmente batendo papo. Ou
mesmo ligar no meio da tarde de sexta-feira para solicitar um atendimento ou
uma informação e receber a notícia de que a pessoa responsável já foi embora e
volta somente na segunda-feira. Ou ver o volume gigantesco de recessos
administrativos existentes.
O setor público é pouco
produtivo e custa caro. E ainda temos que ouvir discursos inflamados de militantes
com visão míope de que as instituições públicas devem custar caro. Mas de onde
virá o dinheiro para financiar esta expansão de gastos?
É claro que devemos combater
a corrupção e os desvios de dinheiro público. Mas também temos que avaliar a
qualidade dos gastos públicos e começar a questionar o volume exagerado de
funcionários nas repartições públicas, principalmente aonde o volume de
comissionados é muito elevado.
Ou se muda o conceito e a
forma de gerir a coisa pública ou o que possivelmente irá acontecer na economia
brasileira é um efeito chamado “shutdown”, que nada mais é do que uma paralisia
dos serviços públicos pela simples falta de previsão orçamentária. Ou “cai a
ficha” de nossos governantes ou “cai a ficha” da sociedade. Alguém tem que
começar a se preocupar.
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