“Na política até boi voa”.
Este é um dito popular utilizado no sentido de que em política tudo é possível.
Tal termo é utilizado em diversos episódios que são considerados inimagináveis,
mas que, por força de acordos e conluios feitos em instâncias ocultas, acabam
por serem levados a cabo para que um pequeno grupo tenha alguma espécie de
benefício.
Na época do Brasil holandês
ou Nova Holanda, que era o território ocupado pelos holandeses no nordeste
brasileiro entre 1630 e 1654, os holandeses mandaram construir duas pontes
sobre o rio Capibaribe para fazer a ligação com a cidade de Recife. A demora em
concluir a primeira ponte levou o governo holandês a pensar que ela jamais
seria terminada. Já nas rodas de conversas pela cidade a população comentava
que seria mais fácil um boi voar do que a ponte ser terminada.
A ponte foi concluída no
dobro do prazo inicial e, com o objetivo de atrair público e de arrecadar maior
volume de pedágio, foi anunciado que um boi manso iria voar no dia da
inauguração.
Na atualidade podemos ter a
certeza que a prática dos contemporâneos de Maurício de Nassau ainda se faz
valer para tirar vantagens. Nossos agentes políticos continuam a fazer de tudo
para continuar no poder quando a ocupação de cargos eletivos deveria ser uma
prática de doação de pessoas para com a sociedade, onde aqueles que possuem
capacidade técnica e que alcançaram sucesso em suas atividades pudessem contribuir
com a cidade, com o estado ou com a nação doando um pouco de seu talento de
gestor para a coletividade.
Mas o que vemos é um
conjunto muito grande de pessoas querendo acessar os cargos eletivos, porém não
ficam claros seus propósitos e intenções. E muitos, quando eleitos, não fazem
praticamente nada do que propalavam no período eleitoral. Os que concorrem ao
legislativo não fiscalizam praticamente nada do executivo e, na maioria das
vezes, passam a integrar sua base de apoio mesmo tendo sido eleito pela
oposição e os eleitos para o executivo não conseguem emplacar nem metade de
suas propostas, muitas vezes pelo total desconhecimento da real situação que se
encontra o setor público ou por falta de habilidade na gestão.
Estes episódios nos levam a
acreditar que estas pessoas estavam interessadas somente nas benesses do poder.
De seus altos salários, das mordomias e das verbas que terão à disposição para
exercer seus respectivos mandatos.
E entra ano e sai ano, em
momentos de eleições, o que temos é sempre mais do mesmo. Candidatos se
digladiando para conquistar votos e se elegerem. Prometem “o mundo e os fundos”
para se eleger e quando isto ocorre o que dão para o povo é uma “banana”.
Realmente somos tratados como trouxas por muitos candidatos e agentes políticos.
Como na música “Boi voador
não pode”, de Chico Buarque, que diz “boi realmente não pode voar à toa, é fora
da lei, é fora do ar”, não podemos acreditar em tudo que os candidatos e
políticos dizem. Infelizmente a prática dos políticos induz a pensarmos desta
forma.
Os políticos usam de tudo
para tentar convencer o povo de que eles estão fazendo alguma coisa. As verbas
de divulgação de mandato dos deputados são elevadíssimas, muitos políticos prometem
gerar empregos e outros que irão melhorar a saúde pública. Todos oportunistas.
As práticas políticas atuais
afastam dos processos eletivos pessoas que poderiam efetivamente contribuir
para a sociedade. Enquanto candidatos que buscam projetos pessoais persistirem
em se candidatar a sociedade não terá uma melhora qualitativa nas candidaturas
a cargos eletivos. Continuaremos tendo sempre mais do mesmo.
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