Toda vez que o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga resultados de pesquisas há
repercussões de todas as naturezas. Recentemente foram divulgadas as
estimativas populacionais para 2017 e, como não poderia ser diferente,
ocorreram manifestações de comemoração e de discordância quanto aos resultados
divulgados. Até alguns prefeitos da região questionaram as estimativas alegando
que a população de seus municípios é maior do que o divulgado. Fazem isto como se
tivessem equipes técnicas que efetuam análises e levantamentos estatísticos.
O crescimento populacional
não deve ser considerado uma questão fundamental para as cidades. Pelo
contrário, se não ocorrer o aumento da oferta de serviços públicos e uma
melhora na estrutura social e econômica o crescimento populacional acaba se
tornando uma armadilha onde a qualidade de vida dos moradores tende a piorar.
Em outras palavras, não temos que buscar o aumento da população, mas sim a
melhoria da qualidade de vida.
A microrregião de Apucarana
apresentou um crescimento médio de 1,46% ao ano desde 2010 até esta estimativa.
Trata-se de uma taxa de crescimento muito acima da média estadual (1,16% ao
ano) e nacional (1,22% ao ano). Mauá da Serra apresentou crescimento de 2,31%
ao ano neste período sendo seguido de Arapongas (1,86% ao ano), Sabáudia (1,36%
ao ano) e Apucarana (1,34% ao ano).
Com o crescimento
populacional aumenta a procura por vagas em creches e escolas públicas, aumenta
também a necessidade de assistência médica, segurança pública, assistência à
infância, à adolescência e ao idoso, entre diversas outras questões estruturais
que necessitam ser potencializadas com tais eventos demográficos. Desejar o
aumento populacional somente pode ser interessante quando se tem o aumento da
qualidade de vida.
Até mesmo para justificar
mudança de faixa de coeficiente para repasses do Fundo de Participação dos
Municípios (FPM) tem que se avaliar muito se o aumento de repasses será
suficiente para garantir melhoria da qualidade de vida da população. Mesmo
porque os recursos precisariam ser utilizados em benefício da sociedade e não
somente para pagamento de dívidas ou aumentar o tamanho da máquina pública.
Vamos comemorar o aumento do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município, ou do Índice FIRJAN de
Gestão Fiscal (IFGF), ou a redução da mortalidade infantil, ou a redução de
homicídios por arma de fogo, a criação de novas instituições de ensino superior
e coisas do gênero. Não precisamos comemorar o aumento populacional.
Afinal de contas as vias
públicas são as mesmas, os colégios e suas vagas são as mesmas, os leitos
hospitalares são os mesmos e a quantidade de médicos é a mesma. Então o que
comemorar? Na verdade, temos que ter motivos somente para lamentar que estejamos
tendo aumento populacional sem que tenhamos aumento da infraestrutura social.
Com efeito, serão
necessários mais recursos públicos para financiar o atendimento destas
necessidades. E para ter mais recursos públicos implicará, necessariamente, no
aumento da carga tributária a incidir sobre as pessoas e empresas, não tem
fórmula mágica. Outra alternativa seria começarmos a pensar em reduzir gastos
públicos desnecessários ou reduzir os repasses para os outros poderes, tais
como o judiciário e o legislativo.
Somente assim será possível
equilibrar esta equação que acaba sempre tencionando de forma negativa o lado
da população, que sempre é o mais fraco na queda de braços com quem detém o
mando político.
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