A decisão recente do Comitê
de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (Bacen) de reduzir em
0,75 pontos percentuais, estabelecendo a Selic em 13% ao ano, está dando uma
sensação de que as coisas estão melhorando na economia brasileira. Este é o
menor nível dos juros desde março de 2015.
A notícia foi amplamente
divulgada como se estivesse ocorrendo a redenção da economia e, assim, tudo
estaria melhorando. Mas na realidade não é bem assim. Nas manchetes de
divulgação da decisão a frase que mais foi repetido é: “Copom surpreende e
reduz a Selic”. A surpresa na decisão é porque era previsto que os juros seriam
reduzidos, porém não era esperada que fosse uma redução tão significativa em
uma única decisão.
Em junho de 2016 já se
esperava que a Selic encerrasse o ano de 2017 em 11% ao ano e as expectativas
da semana que antecedeu a decisão do Copom é de que os juros fiquem em 10,25%
no fim do período. Portanto a expectativa é de que os juros caiam neste ano,
mesmo.
Entretanto o que temos que
saber é de que a redução não está sendo promovida por causa do arrefecimento da
pressão inflacionária motivada pela ação enérgica da política econômica do
governo no combate à inflação. As reais causas da decisão de redução dos juros
são motivadas justamente pela incapacidade da política econômica conseguir
provocar a retomada do crescimento no cenário de curto prazo.
O que está acontecendo é que
a inflação está reduzindo não porque a política econômica está surtindo efeito
para isto, mas pelo contrário: a economia deverá encolher cerca de 3,5% em 2016
e em 2017 deverá crescer cerca de 0,5%. Se considerarmos que em 2014 a economia
cresceu somente 0,5% e que em 2015 encolheu 3,8% pode-se afirmar, mantendo-se
tais expectativas, de que ao final de 2017 estaremos com a economia brasileira
operando nos níveis do final do ano de 2010. Não há nada para se comemorar.
No comunicado à imprensa
sobre a divulgação o Copom expõem esses motivos quando afirma que “o conjunto
dos indicadores sugere atividade econômica aquém do esperado” e quando
reconhece que a retomada do crescimento econômico deverá demorar mais do que o
esperado pelo governo.
A inflação está com
tendência de queda porque a população está consumindo menos por conta do
aumento do desemprego e a equipe econômica do governo está dando demonstração
de desespero, pois a expectativa é de que as coisas ainda possam piorar antes
de começar a melhorar.
Muitas das medidas
econômicas que o governo aprovou e as que estão sendo propostas irão surtir
efeitos no médio e longo prazo e não darão conta de amenizar a crise fiscal que
assola o setor público e da crise econômica que massacra a população
brasileira, e de forma mais sensível os pobres, de imediato.
Com a medida o setor público
irá diminuir os juros pagos sobre as suas dívidas, porém arrecadarão ainda
menos por conta do baixo nível de atividade econômica. Com isto os cofres dos
governos federal, estaduais e municipais continuarão arrecadando menos e sendo
insuficientes para enfrentar a pesada estrutura de gastos que os agentes
políticos criaram nas últimas décadas.
E quem continuará sofrendo,
cada vez mais, é a população que permanecerá sendo privada dos serviços
públicos essenciais que a Constituição Federal diz que todos têm direito. Resta
torcer para que os gestores públicos sejam coerentes e controlem melhor os
gastos públicos para buscar uma maior efetividade na aplicação destes recursos
que são escassos e que a população tanto necessita.
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