As manchetes diárias nos
apresentam muitas notícias que, sentados em nossas poltronas, nos indignamos e
bradamos a célebre frase: “De novo? Já passou da hora de alguém fazer alguma
coisa”. Detalhe: isto acontece com uma frequência muito grande e as pessoas
continuam sentadas em suas poltronas, sem fazer nada e esperando que outros
façam aquilo que eles mesmos podem e devem fazer.
Notícias com a construção de
um muro entre os Estados Unidos e México, sobre o interesse do presidente
americano de que as empresas americanas voltem a produzir no país, de
inaugurações de obras públicas quando sabemos que não se tem dinheiro para
manter as estruturas funcionando, dos servidores públicos ameaçando greve e
invadindo repartições, de salários atrasados do funcionalismo público, da falta
de médicos nos postos de saúde, do índice de desempenho dos estudantes
brasileiros nos exames internacionais de avaliação e do alto nível de endividamento
do setor público, entre inúmeras outras, deveriam ser as grandes provocações
para que passemos a participar mais ativamente do processo decisório, afinal de
contas os grandes prejudicados sempre serão os cidadãos comuns.
Não tentem demonstrar
inocência extrema achando que os milionários e os agentes políticos estão ou
irão ser atingidos pelos fatos relatados, nem tampouco que eles estejam se
preocupando e se empenhando para trazer soluções efetivas para a população.
Basta ver o que os noticiários trazem sobre as acusações que estão fazendo de
Eduardo Cabral, Eike Batista, Marcelo Odebrecht, Léo Pinheiro e outros
empresários e políticos corruptos que estão sendo investigados pela Operação
Lava Jato. Há alguma dúvida sobre o possível desfecho destes casos?
Alguém irá preso, mas por
pouco tempo. Algum dinheiro será recuperado, mas muito pouco comparado com as
cifras anunciadas. Assim, daqui a poucos anos ou meses os corruptos e ladrões
do dinheiro público estarão livres ou em prisão domiciliar em suas mansões
confortáveis usufruindo do dinheiro que não retornou para os cofres públicos.
As cifras dos desvios,
superfaturamentos e pagamentos de propinas são astronômicas e por mais que
muitas pessoas afirmem que isso sempre existiu não podemos nos conformar e
temos que agir no sentido de minimizar a ação dos inimigos da sociedade.
É decepcionante verificar
que as estruturas de controle interno e externo dos órgãos públicos não dão
conta de detectar e combater estas práticas. O controle interno muitas vezes
pode alegar que estão reféns do sistema, mas o controle externo, representado
pelos legislativos municipais, estaduais e federais, deveria estar mais
vigilante e denunciar com maior rigor os agentes políticos causadores de danos
para a sociedade.
O controle na administração
pública tem por objetivo manter o equilíbrio na relação existente entre o Estado
e a sociedade. O controle interno é designado pelo agente político e o controle
externo (legislativo) é escolhido pela sociedade através do sistema eleitoral.
Portanto é possível exigir e pressionar para que tanto o controle interno
quanto os detentores de funções legislativas passem a fiscalizar com mais vigor
as ações do executivo. Qualquer atuação diferente disto será como tentar
enxugar gelo, uma tarefa que não terá fim e que não resultará em benefício da
coletividade.
Temos que levantar de nossas
poltronas e sermos mais proativos e assertivos no combate às práticas nocivas das
pessoas que estão na administração pública somente para se servir dela e não
para servir a sociedade. Caso contrário a situação poderá piorar ainda mais.
0 comentários:
Postar um comentário