Tem coisas que acontecem que
extrapolam a compreensão do ser humano comum. Coisas que nos discursos de
qualquer indivíduo sai afinado e agradando a todos, como se soubessem o que é
melhor para si e para os outros. Entretanto quando visualizamos os fatos reais,
aquilo que está acontecendo ao nosso redor, nos espantamos com a grande
disparidade entre o ideal e o real.
Quando uma pessoa comete um
crime sabemos que esta pessoa deve ser punida e, dependendo da gravidade do
delito, deverá ser privada de liberdade. Também sabemos que o sistema prisional
deverá tratar de ressocializar o infrator para que ele não volte a delinquir,
podendo voltar a conviver normalmente entre os demais cidadãos de sua
comunidade.
Quando a sociedade escolhe
um agente político este deve se dedicar às causas da sua comunidade, deixando
de lado os interesses particulares e corporativos. Deve envidar esforços para
que a qualidade de vida melhore, reduzindo índices de violência, pobreza e
desemprego e aumentando a distribuição da riqueza, emprego, poder aquisitivo,
nível educacional e expectativa de vida.
Na verdade seria muito bom se
tudo acontecesse desta forma, daí poderíamos ter a tranquilidade e segurança de
que o discurso e a prática convergem para os interesses comuns.
Infelizmente na prática a
teoria é outra. Com os recentes eventos em presídios brasileiros voltamos a ter
a certeza de que os agentes políticos fazem pouco ou quase nada do que é de
interesse da sociedade. Até há pouco parece que não existiam problemas no
sistema prisional, pois não se falava, não se ouvia e não se planejava nada.
Agora prefeitos, governadores e até o Presidente da República e parlamentares
de todos os níveis vêm a público atestar a falência do modelo existente sendo
que estes não haviam se manifestado sobre o assunto.
Realmente é como o cantor e
compositor Zé Geraldo canta em sua música: “isso tudo acontecendo e eu aqui na
praça dando milho aos pombos”. Na verdade toda a sociedade está “dando milho
aos pombos”. Enquanto os agentes políticos “deitam e rolam” com a coisa pública
as pessoas comuns ficam sentadas num banco de praça atordoadas, hipnotizadas e
ainda crendo nesses indivíduos.
As pessoas devem lançar mão
do benefício da dúvida. Devem duvidar que os candidatos irão cumprir com as
promessas. Mesmo votando neles devem debater a candidatura e registrar todas as
propostas, promessas e discursos dos candidatos e usá-los para cobrar,
monitorar e avaliar a gestão do eleito. Não devem esperar que ele seja reeleito
ou eleito para outro cargo, pois irá tentar entoar o “canto da sereia” e se
perpetuar em cargos eletivos sem nada dar em troca para a sociedade.
Há inúmeros exemplos de
falência de sistemas públicos e de políticas públicas que foram concebidas como
política de governo e não como política de estado. A sociedade deve exigir que
os agentes políticos comecem a desenvolver políticas de estado, que devem
passar pelo parlamento e por outras instâncias de discussão com a sociedade.
Isto poderá evitar com que
as ações de um gestor sejam deixadas de lado pelo seu sucessor pelo simples
fato de não ser do mesmo partido ou grupo político. A sociedade quer, merece e
necessita de mais que isto. Necessita de políticas de estado que sejam
debatidas democrática e exaustivamente. Assim poderemos reduzir, e muito,
problemas como a crise prisional que tomou conta dos noticiários pelo mundo
afora. Porém, o gigante continua adormecido. O brasileiro precisa começar a
cobrar mais eficiência e efetividade do setor público. Precisa cobrar mais
debate e atenção com a sociedade e não medidas concebidas por poucas pessoas
que ocupam os gabinetes acarpetados e refrigerados das repartições públicas.
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