A calamidade orçamentária e
financeira já chegou há tempos nos estados da federação. Não é de hoje que os
estados do Rio Grande do Sul, Alagoas, Rio de Janeiro e o Distrito Federal vem
tendo dificuldades para cumprir com as suas obrigações. Parcelamento de
salários, atraso no pagamento de fornecedores, caos na saúde pública e educação
com estrutura sucateada são alguns exemplos.
Agora o estado do Rio de
Janeiro decretou calamidade pública por causa da crise financeira e por causa
das Olimpíadas. E outros estados estarão nesta situação em breve se não fizerem
ajustes fiscais para equilibrar as finanças públicas.
Ajuste fiscal é usado com
regularidade como sendo aumento de impostos, mas na verdade pode ser alterações
nos impostos e nas despesas. O princípio do orçamento equilibrado tem que ser
respeitado e parece que muitos gestores públicos não se atentaram para isto nos
últimos anos e mantiveram a gastança. O grande vício, ou problema, destes
gestores é a falta de capacidade de enxergar além de seus mandatos. Todas as
ações são planejadas e executadas para acontecerem dentro de seus mandatos, sem
se preocupar com o endividamento, com a conjuntura econômica que sinaliza o
comportamento do nível de atividade da economia e, com isto, o comportamento
das receitas públicas, com mais nada.
A responsabilidade fiscal
deveria ser levada com maior rigor por parte dos executivos estaduais e a
solução para este impasse seria o poder legislativo, que tem como função
principal exercer o papel de controle externo do executivo, fazer de forma
firme, dedicada e transparente a fiscalização das contas dos governos.
A presidente Dilma está
sofrendo um processo de impeachment por conta de crime de responsabilidade
fiscal. Mas as perguntas que devem ser feitas são: Será que somente ela fez
isto? Será que algum governador de estado também não fez o mesmo? Será que algum
prefeito também não fez o mesmo? E se fizeram por que não estão passando por um
processo semelhante?
Todos os estados da
federação apresentam dificuldades financeiras e todos os governos deveriam ter
a clareza e a sobriedade de enxergar, lá atrás, que o cenário econômico não era
de prosperidade e que deveriam se dedicar a manter as finanças públicas em
alerta para não inviabilizarem a administração pública. Mas muitos não fizeram
isto.
Algumas pessoas chegam a
anunciar que o estado do Paraná é uma ilha de prosperidade dentro da crise que
assola o país. Não acredito. Da mesma forma o estado do Paraná está sofrendo
com a falta de recursos. A arrecadação não é capaz de acompanhar o crescimento
das despesas e algo deveria ser feito. Começaram com um ajuste fiscal que
tratou de promover aumento de impostos e promoveram mudanças na previdência,
mas este último surtirá efeitos nas finanças numa perspectiva de longo prazo.
Com o cenário que se
desenha para os próximos anos e com a dívida que o estado possui será muito
difícil não surgirem novos ajustes fiscais. Só que estes deverão ocorrer pela
ótica da redução de despesas e daí vem outro questionamento: que despesas é que
o governo irá cortar para poder continuar honrando seus compromissos? Acredito
que a sociedade deveria ser chamada a participar da discussão.
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