Estou começando a temer pelo
governo de Michel Temer. É inquestionável a necessidade que a economia tem pelo
ajuste fiscal, pois há um déficit previsto muito grande e está trazendo
consequências negativas para o conjunto da sociedade, tais como inflação, juros
reais elevados, baixo crescimento econômico e desemprego.
Os primeiros anúncios da
equipe econômica do governo provisório foram corajosas e recheadas de propostas
necessárias e tecnicamente corretas. Alterou-se a meta de resultado primário
aumentando o déficit esperado e foram ensaiadas propostas de tetos para os
gastos, devolução de aportes que o governo federal fez no BNDES e possíveis
aumentos de impostos.
Neste contexto estamos
falando de ajuste fiscal, que podemos entender como sendo as ações do governo
em reduzir despesas e aumentar receitas para poder equilibrar as finanças
públicas. Até o presente momento o discurso foi de austeridade. Mas somente o
discurso. Na prática ainda não se constatou nenhuma medida que caminhe nesta
direção. Tudo bem, pode ser cedo demais para querer ações mais efetivas. Porém
neste mesmo espaço de tempo o Presidente
Interino já autorizou a tramitação da votação e aprovação de aumentos salariais
para diversas categorias de servidores federais.
Os gastos sociais do governo
federal vem aumentando consideravelmente nos últimos anos. Em 2002 esses gastos
equivaliam a 12,8% do PIB e em 2015 subiram para 17,5%. Não obstante, em 2015,
48% das despesas primárias do governo federal foram com transferências de renda
às famílias, 27% com outras despesas correntes, 20% com salários e encargos e
5% são despesas de capital. Esse conjunto de despesas equivaliam, em 2006 a
16,7% do PIB e em 2015 foi de 19,6%, sendo que as outras despesas correntes aumentaram
a sua participação relativa em 65,5%. Dentro da mesma ótica de análise os
benefícios da Previdência aumentaram 7,2%.
Os estados estão na mesma
linha: aumentaram suas despesas de forma geométrica nos últimos anos e agora
também estão com dificuldades para pagar suas contas. Entre 2009 e 2015 as
despesas dos estados com pessoal e encargos aumentou, em mediana, 38%, em
termos reais. Com isto o gasto per capita com pessoal e encargos dos estados é
de R$ 1.628,00 por ano.
É inegável que as despesas
do governo aumentaram muito e também temos que concordar que existem setores
carentes e que necessitam manter o custeio ou mesmo aumentar. Mas, como já foi
afirmado neste espaço, primeiro a administração pública tem que mostrar que
pode ser mais eficiente e, em segundo lugar tem que parar de falar uma coisa e
fazer outra.
Se o governo precisa reduzir despesas, tem que reduzir. O governo de Temer fala que é preciso reduzir despesas e faz o contrário. Essas práticas transmitem insegurança para o mercado e para o conjunto da sociedade e podem pôr em risco a credibilidade de muitos profissionais e agentes políticos que estão apoiando o governo. Com efeito, não se pode fazer ajuste fiscal com mentiras e às custas das camadas mais pobres e vulneráveis do país.
Se o governo precisa reduzir despesas, tem que reduzir. O governo de Temer fala que é preciso reduzir despesas e faz o contrário. Essas práticas transmitem insegurança para o mercado e para o conjunto da sociedade e podem pôr em risco a credibilidade de muitos profissionais e agentes políticos que estão apoiando o governo. Com efeito, não se pode fazer ajuste fiscal com mentiras e às custas das camadas mais pobres e vulneráveis do país.
0 comentários:
Postar um comentário