domingo, 13 de setembro de 2015

Démocratie avec arrogance

Infelizmente o legislativo municipal não está dando mostras de possuir as virtudes humanas do desapego, da humildade, da disciplina e da estabilidade. Por outro lado podemos afirmar que as virtudes humanas da autoconfiança, da coragem e da determinação são exaladas “pelos poros” de nossos edis.

Explico. Com o episódio da polêmica do número de vereadores em Apucarana se iniciou uma “queda de braços” entre entidades da sociedade civil organizada e os vereadores. Do lado da sociedade o que se observa de forma inequívoca é que o município deve manter o número de onze cadeiras no legislativo. Já do lado dos vereadores o “brado” é de dezenove vagas.

Ambos os lados apresentam argumentos em defesa de seus pleitos, entretanto, fica claro que a “voz” da sociedade deve ser a mais forte e, portanto, respeitada pelos vereadores. Até porque além da “voz do povo ser a voz de Deus” em nossa Constituição Federal está escrito que “todo o poder emana do povo”, portanto, o povo tem razão. Será que é isto mesmo? Em Apucarana, não.

A voz do povo não é respeitada. É ignorada. O povo pediu onze vagas e o Ministério Público, através de uma análise técnica, indicou que quinze seria o número ideal. Mas a maioria dos vereadores diverge. Chegaram a realizar audiência pública onde a sociedade civil organizada e o Ministério Público se fizeram presentes e defenderam suas propostas. Bem como algumas pessoas defenderam dezenove. Mas a sensação é de que a vontade do povo é por onze. Basta analisarmos as manifestações na sessão “Leitor” do jornal Tribuna do Norte. Há meses as manifestações indicam a preferência pelo número de onze vereadores.

A vontade do povo não está sendo respeitada. Nem a opinião do Ministério Público. Vereadores chegam a afirmar que não serão nem onze e nem quinze, numa afronta à opinião destes segmentos. Podemos interpretar que a vontade que irá prevalecer é a dos vereadores e não a do povo ou do Ministério Público. Isto é arrogância.

Os vereadores possuem, sim, autoconfiança, coragem e determinação. Autoconfiança porque eles estão seguros e tranquilos que as suas opiniões serão vitoriosas sem danos para suas respectivas imagens. Coragem porque estão enfrentando toda a sociedade apucaranense que clama para ser ouvida e respeitada. E, finalmente, a determinação porque possuem a convicção que vencerão o povo.

Da forma que estão agindo há uma inversão e as virtudes podem estar disfarçando vícios, o que é danoso para a sociedade.

Falta desapego ao cargo e aos subsídios. Com a intransigência e a falta de argumentos é passada a impressão de que os vereadores estão defendendo interesses particulares e não os da sociedade. Também faltam: humildade para ouvir e acatar a opinião das pessoas, disciplina para aceitar os preceitos e normas clamadas pela sociedade e a estabilidade que representa coerência, responsabilidade e constância nos atos em benefícios da sociedade.

Se as coisas permanecerem da forma com que estão “desenhadas” o risco que o povo corre é de ter a certeza de que os vereadores de Apucarana não os representam. E viva a democracia, com arrogância.

Um comentário:

  1. A sociedade pode perder esta batalha, mas não perderá a luta. Se for traída, seguramente se mobilizará para dar o troco.

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