Infelizmente o legislativo
municipal não está dando mostras de possuir as virtudes humanas do desapego, da
humildade, da disciplina e da estabilidade. Por outro lado podemos afirmar que
as virtudes humanas da autoconfiança, da coragem e da determinação são exaladas
“pelos poros” de nossos edis.
Explico. Com o episódio da
polêmica do número de vereadores em Apucarana se iniciou uma “queda de braços”
entre entidades da sociedade civil organizada e os vereadores. Do lado da
sociedade o que se observa de forma inequívoca é que o município deve manter o
número de onze cadeiras no legislativo. Já do lado dos vereadores o “brado” é de
dezenove vagas.
Ambos os lados apresentam
argumentos em defesa de seus pleitos, entretanto, fica claro que a “voz” da
sociedade deve ser a mais forte e, portanto, respeitada pelos vereadores. Até
porque além da “voz do povo ser a voz de Deus” em nossa Constituição Federal
está escrito que “todo o poder emana do povo”, portanto, o povo tem razão. Será
que é isto mesmo? Em Apucarana, não.
A voz do povo não é
respeitada. É ignorada. O povo pediu onze vagas e o Ministério Público, através
de uma análise técnica, indicou que quinze seria o número ideal. Mas a maioria
dos vereadores diverge. Chegaram a realizar audiência pública onde a sociedade
civil organizada e o Ministério Público se fizeram presentes e defenderam suas
propostas. Bem como algumas pessoas defenderam dezenove. Mas a sensação é de
que a vontade do povo é por onze. Basta analisarmos as manifestações na sessão
“Leitor” do jornal Tribuna do Norte.
Há meses as manifestações indicam a preferência pelo número de onze vereadores.
A vontade do povo não está
sendo respeitada. Nem a opinião do Ministério Público. Vereadores chegam a
afirmar que não serão nem onze e nem quinze, numa afronta à opinião destes
segmentos. Podemos interpretar que a vontade que irá prevalecer é a dos
vereadores e não a do povo ou do Ministério Público. Isto é arrogância.
Os vereadores possuem, sim,
autoconfiança, coragem e determinação. Autoconfiança porque eles estão seguros
e tranquilos que as suas opiniões serão vitoriosas sem danos para suas
respectivas imagens. Coragem porque estão enfrentando toda a sociedade
apucaranense que clama para ser ouvida e respeitada. E, finalmente, a
determinação porque possuem a convicção que vencerão o povo.
Da forma que estão agindo há
uma inversão e as virtudes podem estar disfarçando vícios, o que é danoso para
a sociedade.
Falta desapego ao cargo e
aos subsídios. Com a intransigência e a falta de argumentos é passada a
impressão de que os vereadores estão defendendo interesses particulares e não
os da sociedade. Também faltam: humildade para ouvir e acatar a opinião das
pessoas, disciplina para aceitar os preceitos e normas clamadas pela sociedade
e a estabilidade que representa coerência, responsabilidade e constância nos
atos em benefícios da sociedade.
Se as coisas permanecerem da
forma com que estão “desenhadas” o risco que o povo corre é de ter a certeza de
que os vereadores de Apucarana não os representam. E viva a democracia, com arrogância.
A sociedade pode perder esta batalha, mas não perderá a luta. Se for traída, seguramente se mobilizará para dar o troco.
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